Comida do Futuro

Será que a farinha de grilo é mesmo a nova onda de proteína?

Os grilos são realmente a comida do futuro? 

Em maio do ano passado estive no Museu do Amanhã, RJ, para um estudo sobre o que iremos comer daqui a 20, 30 anos.

A Exposição “PratodoMundo”, além do trocadilho, trouxe-nos uma reflexão: Como atender à demanda global por alimentos para uma população mundial prevista de 10 bilhões de habitantes?

É uma pergunta e tanto! E questões a serem avaliadas não faltam.

Entre estudos, números, conceitos, gráficos, mudanças de hábitos, projetos, grandes inovações, (sem dizer que isso foi bem antes da pandemia), me deparei com o estudo sobre o consumo de insetos, precisamente, o estudo trouxe a farinha de grilo. Sim, podem achar estranho, mas é isso mesmo.

Nos EUA as fazendas de grilo estão em expansão. Uma delas, a Entomo Farms, “colhe” os grilos no fim do ciclo de vida (que dura entre 6 e 8 semanas), são lavados e levados ao forno. Alguns são vendidos nesse estágio, outros são transformados em pó. O produto fornece proteínas, cálcio e ferro e tem baixo teor de gordura.

Respondendo a primeira pergunta: sim os grilos poderão fazer parte da alimentação no futuro. Pesquisando um pouco mais sobre o consumo deste produto nos EUA, constatei que houve um aumento recente no uso de farinha de grilo em produtos alimentícios – especialmente entre os entusiastas da dieta Paleo – mas antes de começar, vejamos os fatos por trás dessa fonte nutritiva de proteína.

Comer insetos não é uma ideia nova. Grande parte do mundo come cerca de 1.600 espécies de insetos há centenas de anos; somente na América e na Europa há um estigma em torno do consumo de insetos. Os grilos são uma poderosa fonte de proteína completa. Eles contêm quase 13 gramas de proteína por 100 gramas, têm três vezes o ferro encontrado na carne bovina e são uma boa fonte de cálcio, magnésio e vitamina B12, entre outros nutrientes.

No entanto, ninguém espera que você pegue um grilo direto do gramado e o coma. A farinha de grilo é normalmente combinada com outras farinhas sem glúten e usada em receitas. Atualmente nos EUA, você pode encontrar de tudo, de barras de proteína a biscoitos feitos com farinha de grilo em muitos mercados de alimentos saudáveis. No Brasil exitem alguns entusiastas fazendo pães e outros preparos.

Não tem certeza do que esperar? As pessoas descrevem os grilos como tendo um sabor de noz levemente terroso. Embora, se usado em uma receita com sabores mais fortes, como biscoitos de chocolate, você não sentirá diferença.

Há um benefício em cultivar grilos do ponto de vista ambiental também. “Microlivestock” é a palavra em Inglês usada para descrever o estudo do potencial de pequenas espécies animais (traduzindo literalmente cultura de pequenas vidas). 

Um grilo leva apenas seis semanas para amadurecer, em oposição a dois anos completos para o gado, e as fêmeas depositam cerca de 15.000 ovos durante a vida, tornando-as uma fonte abundante de proteína. Além disso, os grilos produzem 80 vezes menos metano (um gás que contribui para a degradação da camada de ozônio) do que o gado.

Ainda hesita em experimentá-los? Um estudo belga recente, com pessoas entre 26 e 45 anos, constatou que, depois de prová-los pela primeira vez, 92% delas disseram que os comeriam novamente.

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